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“Quase tudo quanto o nosso gosto se dispõe a tentar, existiu já no mundo das formas.”
Marguerite Yourcenar in “Memórias de Adriano”

“A arquitetura é considerada completa apenas com a intervenção da experiência humana.”
Tadao Ando


A arquitectura é, digamos, o eterno lugar das nossas memórias; o “cenário” do qual todos fazemos parte integrante como actores, umas vezes mais fiéis ao nosso papel, outras não. E essa infidelidade ao nosso papel, de legítimos usuários da arquitectura poderá conduzir-nos a uma fealdade caótica de ambientes urbanos.

A arquitectura deve prestar um serviço útil à sociedade, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida, competindo ao arquitecto, neste âmbito, procurar novos métodos, processos e valores; tendo em conta, todos os precedentes, não com um sentido nostálgico ou saudosista, mas inspirador ou empreendedor. A inovação ou a mudança do rumo de algo, deve implicar o conhecimento de toda a narrativa.

Faz parte integrante da função do arquitecto trabalhar com as pessoas, dialogar com elas, compreender as suas reais necessidades, sendo necessário, tornar bem claro o que é que lhes pode oferecer e evidenciar o seu papel. Também as pessoas devem estar conscientes da sua importância neste diálogo e das consequências da sua intervenção no seu próprio meio; não deixando este diálogo transformar-se no monólogo a que tantas vezes se assiste.


“…Se queremos abordar os problemas urbanos e utilizar a arquitectura para melhorar o ambiente que nos rodeia, temos de procurar novos métodos, processos e valores – “ideias consistentes” capazes de gerar uma expressão integrada e visível de uma forma de vida plena.
Uma arquitectura com estes valores, alimenta-se do génio humano (tantas vezes manifestado em iniciativas individuais inspiradoras) e torna-se consistente na procura de um denominador comum, numa linguagem capaz de exprimir os valores humanos emergentes da experiência de gerações sucessivas. A sua credibilidade constrói-se continuamente, no “dia-a-dia” e de “baixo para cima”, democraticamente.”
Vasco Croft in “Arquitectura e Humanismo – O papel do arquitecto, hoje em Portugal"